quinta-feira, 13 de outubro de 2016

halt and catch fire

toda série foda tem que ter uma entrada foda

Depois que Mad Men acabou, eu achei que iria ficar um bom tempo sem ver séries. Estava certo.

Estranhamente, tem alguma coisa nas séries do Netflix que faz com que eu não gosto de nenhuma. É alguma coisa no som, que parece meio vazio, ou na filmagem, que as atuações ficam meio vazias... Não sei explicar, mas não é como as séries da TV, tanto que já devo ter começado ou visto episódios aleatórios de umas dez produções Netflix sem gostar de nenhuma.

Halt and Catch Fire, assim como Mad Men, é uma série de época. Se passa nos anos 80, durante a revolução tecnológica dos computadores pessoais, e começa com um anti-herói do mesmo perfil que Don Draper: Joe MacMillan. No princípio, parece que vai descer a mesma rua: ele tem conflitos internos e problemas pessoais desconhecidos, mas é obstinado, orientado pro sucesso. Mas a série se torna muito maior que isso. 

Além de Joe, HTC tem duas protagonistas femininas e mais um protagonista masculino, cada um com uma personalidade tão diferente e tão real que bota quase todas as outras séries que eu já vi no chinelo. 

A construção de personagens é algo interessante e difícil de fazer. Eles têm que ser verossímeis, com detalhes próprios e coerentes, mas ao mesmo tempo não demais, pra que não fique parecendo uma caricatura. Em HTC, os personagens são pessoas de verdade, e a química entre os atores torna a coisa toda mais real.

Além disso, me interessa muito o uso de ambas séries, Mad Men e HTC, para o mesmo fim: retratar o passado pra falar do presente. Em Mad Men, o racismo e o feminismo, os conflitos sociais e protestos são presentes em diversas temporadas e protagonizam os eventos da série. Em HTC, a presença das mulheres no meio da tecnologia (que são minoria até hoje), a homossexualidade, o corporativismo e o casamento são temas altamente explorados, e se não fosse pelo vestuário e os computadores IBM XT, a série poderia se passar em 2016. 

A terceira temporada recém terminou na AMC (estou no fim da segunda) e, apesar da baixa audiência, será feita uma quarta e última temporada. 

Eu poderia falar sobre todos os aspectos positivos da série, mas ressaltar a construção dos personagens, trama e qualidade do elenco (individual e coletivamente) já é o bastante (ainda poderia falar da contextualização, do figurino, da trilha sonora, filmagem, etc., etc.).

Já é uma das minhas séries favoritas.

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