terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

atrasado em um dia

Não houve post ontem porque não houve tempo. Mas vai haver hoje porque hoje há tempo. 

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Sábado à noite fui na famigerada Três. Aniversário da namorada do meu melhor amigo. Ou aniversário da Nate, namorada do Braian. 

Eu ia escrever que foi bom, e foi mesmo. Mas travei porque pensei em todos os aspectos do lugar, e lá em si não é muito bom. Pessoas presas demais, ansiedade demais. Todo mundo parece nervoso. Até eu fiquei nervoso. No segundo andar, olhando as pessoas dançando na pista, é um exercício interessante de análise do comportamento humano. 

A Nate levou junto duas amigas e eu acho que estou apaixonado. Não vou falar muito sobre isso, deixa no ar mesmo, mistério sem mistério. Pouco interessa.

O mais engraçado foi ter encontrado a Pietra lá, com os seus amigos de Estância Velha. Se a gente tivesse combinado de ir, provavelmente não teria ido. Depois de nos encontrarmos, passamos um bom tempo juntos. Fomos até a área de fumantes tentar conseguir alguns cigarros, e deu certo. 

Depois, quando nós voltamos pra festa, ainda tentei manter a nossa dupla unida durante algum tempo, mas ela me dispensou aos poucos. Aí eu fui reencontrar os meus amigos, que fizeram uma festinha irônica quando cheguei. 

Estou bastante arrependido de ter passado tanto tempo afastado deles durante a festa. Foi uma porcaria da minha parte, uma canalhice. Eu não sei se eles se importam, provavelmente não, mas pra mim é uma merda. Vou passar o resto da vida lembrando dessa noite como aquela onde eu fiz essa cagada. 

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Começaram as aulas na Unisinos. Ontem, precisamente. Foi a noite mais quente da minha vida. Nas salas de aula da segunda universidade mais cara que existe nessa redondeza, não têm ar condicionado. O calor estava tão extremo que, no meio de uma explicação, o professor falou "tá quente pra cacete", entre uma frase e outra. Só uma parte da turma riu, a outra nem ouviu, porque foi muito rápido. 

A pele de todo mundo reluzia com o suor. Não tinha trégua. Foi algo inédito pra mim, porque geralmente de noite a temperatura cai um pouco, mas estava como se fosse dia. 

Aspecto interessante sobre a minha turma: parece uma fusão de todas as turmas que participei no semestre anterior. Várias combinações inéditas e inesperadas. Uma das gurias que era minha amiga na aula de Economia, por exemplo, é amiga de uma guria muito gata que estava na aula de Antropologia. 

Agora a aula é Análise de Investimentos, uma daquelas que possuem aspectos muito óbvios e lógicos e outros totalmente inéditos, que eu desconheço. Vai ser interessante, o professor parece ser bom. Ele não é picareta.

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Ok, agora uma recomendação de leitura. Essa matéria sobre como a Islândia fez os jovens pararem de beber e usar drogas é muito boa. Basicamente, as prefeituras agiram localmente, propondo atividades esportivas nas escolas, fazendo campanhas para que os pais passem mais tempo útil com os filhos, e criando um toque de recolher noturno (medida polêmica). 

A matéria enfatiza que o modelo a ser replicado é a gestão municipal, e não as medidas em si. As mesmas medidas foram aplicadas em outros lugares e não funcionaram, indicando que o estudo de caso deve ser realizado a cada cidade. 

Gostaria de ressaltar que essa deveria ser a lógica em toda a administração política, na minha opinião. Mas é claro que Brasília vai continuar lá, centralizando tudo. É a lógica da burocracia, a facilitação da corrupção.

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O Internacional é uma lástima. 

Não tenho paciência agora, mas farei um comentário mais longo.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

desculpem por semana passada

Olá, fantasmas.

Falhei na semana passada e o newsletter (que não pode nem ser chamado assim) não foi escrito. Lamento muito a falta de consideração. 

Apesar de ler bastante durante a semana, escrevi pouquíssimo. Acredito que isso seja uma punição à falha da semana anterior. 

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No domingo anterior, houve o Super Bowl. Fui assistir o jogo na casa de um amigo, e ele me deu o Guia do Mochileiro das Galáxias. Estou no finalzinho. É bacana, engraçado, mas acho que estou lendo ele velho demais para apreciar ao todo. 

Esse mesmo amigo me emprestou Good Omens, do Neil Gaiman e Terry Pratchett, numa edição de bolso em inglês. As edições de bolso internacionais são de bolso mesmo: pequenas, com papel de jornal e letrinha minúscula. Não parece nada com os livros da Companhia de Bolso brasileira, que mais parecem um tablet do que um celular. 

Ainda não comecei a ler, mas acho que será o próximo. Estou lendo alguns livros ao mesmo tempo, e tenho outros vários a disposição para começar, o que me confunde um pouco. Talvez, ter tantos livros a disposição seja uma praga ao mesmo tempo que uma benção.

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Não saí nesse fim de semana. Aproveitei para começar a assistir Twin Peaks, o que me deixou ainda indignado com Stranger Things. Descobri que a segunda é uma cópia sem vergonha da primeira, e é inaceitável o sucesso que fez, considerando o total desconhecimento sobre TP. Garanto que, se TP fosse famosa, ST não faria sucesso ou não existiria. Já achava ruim, mas agora gostei menos ainda.

TP, por sua vez, começa bem promissor. Só vi o primeiro episódio, porque os outros ainda não baixaram, mas as atuações, trilha sonora, e a filmagem estranha criam uma estética estranha, que adiciona e muito ao contexto da série. 

Usar ferramentas de linguagem variadas como instrumento para contar a história: algo que eu só notei recentemente. Pra escrever, pode diferenciar um bocado. Claro que nas artes visuais é muito mais evidente (como em O Silêncio dos Inocentes, o melhor exemplo que eu já vi), mas nos livros também. A forma como o escritor utiliza as palavras, frases e parágrafos pode tornar a mesma história totalmente diferente, se contada de forma variante. Enfim, divagações de um iniciante.

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Depois do excelente jogo entre Nadal e Federer na final do aberto da Austrália, muitas pessoas compartilharam o artigo de David Foster Wallace sobre o suíço, lançado no New York Times em 2006, Roger Federer as a Religious Experience. Vou aproveitar o embalo e recomendar também. Ainda não li muito do que foi escrito por DFW, mas não se pode negar que o bicho é assustador. Nesse artigo, ele surfa entre aspectos técnicos do tênis e o deslumbramento de uma pessoa comum assistindo, no máximo entre entender do esporte (DFW era um excelente tenista) e acompanhar de forma ingênua.

Outro artigo famoso dele, Consider the Lobster, também está disponível online, no site da revista que o lançou, a Gourmet, e fala sobre o festival de lagostas do Maine. Ele descreve o consumo de lagosta e todo o ritual sobre ela, também pondera sobre o aspecto único envolvendo o animal (geralmente ele é cozinhado vivo) e, por fim, reflete sobre o sofrimento dos animais, ser carnívoro, e etc.

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Sinto que tinha mais para escrever, mas tenho que parar.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

hoje eu não estou inspirado

Já é segunda feira de novo. Comecei a trabalhar no banco na quarta feira passada. A parte mais interessante é o horário, das dez às quatro com quinze a trinta minutos de intervalo. O tempo passa muito rápido quando se tem o que fazer - geralmente, ajudar pessoas que não sabem usar o caixa eletrônico. Por enquanto, vai tudo tranquilo.

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Meu notebook está estragado, então estou escrevendo do computador do meu irmão. Apesar de ter todos os meus arquivos na nuvem, é difícil ficar sem a máquina. Sempre que eu quero abrir algum arquivo, tenho que baixar ele primeiro, e não sei onde guardar aqui. Também esse computador é bem lento. A única vantagem é a tela grande no nível dos meus olhos. Sem dúvidas, esse aspecto é muito melhor no computador do que no notebook. 

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Sexta feira fui na Cucko, em Porto Alegre, pela segunda vez. O som estava bom, a bebida também - apesar de um pouco cara -, tomei vodka com energético (o drink da juventude gaúcha contemporânea) e caipirinha. Tinha duas pistas, uma de rap e outra de funk. O pior aspecto, sem dúvidas, é a fila quilométrica para entrar já duas horas antes da casa abrir. Fila recheada de um pessoal com dezoito-anos-recém-completos, loucos pra experimentar o que é uma festa. Ou até mesmo com a carteira falsa. 

Apesar de beber bastante, não passei do ponto comum de bêbado e não tive ressaca. Dormi até as treze na casa do Braian no outro dia. Fomos de Uber de POA até SL, deu cinquenta pila. O motorista tinha umas balas muito boas, e na hora de sair do carro, eu saí e depois voltei pra pegar mais. O Braian e a namorada acharam engraçado, mas a bala era boa demais pra deixar passar.

No outro dia, quando fui comer a última que tinha pego, acabei engolindo ela inteira sem querer. Frustrante. 

Foi uma noite muito boa, o lugar parecia estar melhor pra mim do que da última vez que eu fui lá. Até porque da última vez, bebi demais e passei só uma hora ativo, depois vomitei, dormi, e só acordei no fim da festa. Não tinha forma de ter gostado.

Sábado também foi bom, apesar da sensação constante de estar atrapalhando o meu casal favorito, o Braian e a Nathalia, porque só fui embora às oito da noite. Passamos a tarde na casa dele vadiando e depois fomos no shopping comer. Não conseguia parar de pensar que deveria ir embora.

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Links interessantes: The Best Literary Writing About Sex, no Lithub, um compilado de trechos descrevendo cenas de sexo em livros de ficção. Alguns trechos são muito bons porque realmente fogem ao comum. Por exemplo, quando a mulher é masturbada no cinema, no livro de Rachel Kushner, e o trecho de John Huakell descrevendo como o sexo pode ser vazio, mas sem dizer exatamente isso. Vou procurar os dois livros.

St. Pauli, o clube que vai além, uma reportagem longa de um dos melhores sites de futebol do Brasil, o Puntero Izquierdo, e que foi feita com financiamento via crowdfounding - uma das tentativas do jornalismo se reinventar. O St. Pauli é um pequeno clube de Hamburgo, com uma torcida composta por moradores do bairro, e possui uma ideologia fortemente ligada com a esquerda. A torcida manifesta abertamente o apoio aos imigrantes e é contra o racismo e a homofobia. Impressiona a forma como torcem e como não se importam com os resultados, mas sim, que o time não perca as raízes de clube pequeno de bairro com tolerância máxima.

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Descobri que mesmo com um email excluído, a sua conta do Google se mantém ativa. Eu tinha uma conta com email hotmail, e exclui esse email faz um tempão, mas a conta do Google continuava lá, firme e forte. Exclui ontem. Tomem cuidado com o seus rastros digitais. 

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Não consigo me lembrar de mais nada interessante para dividir. Links ou coisas assim. Acho que vou parar por aqui, então. 

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

como se fosse uma newsletter

Oi. Essa é a minha última segunda feira em casa antes de voltar a trabalhar.

Nessas três semanas do início de janeiro, eu aproveitei para ler muito. Não vou falar sobre tudo. Só um pouquinho, vai. Lê aí, não dói nada. Faz carinho na cabeça.

Estou no terço final do livro Contos Completos, de Sérgio Faraco, um escritor gaúcho que talvez não seja tão conhecido nacionalmente. Ele se divide em três partes que são caracterizadas pela temática: a primeira é de contos sobre o povo da fronteira do Rio Grande do Sul. Ele tem um conhecimento vastíssimo do dialeto fronteiriço, o que acaba sendo bem interessante de ler. As histórias são sobre a vida dessas pessoas, geralmente contadas por gaúchos que trabalham com chibo (tráfico de artigos como farinha e roupas da Argentina e Uruguai) e coisa parecida. A segunda parte é toda da perspectiva de uma criança, sendo histórias que me lembraram um pouco o livro Nu, de Botas, de Antonio Prata, também com um narrador infantil com uma visão peculiar de mundo (mas o livro do Antonio é melhor que essa parte). A última parte eu estou começando, é mais urbana e adulta. 

Li muitos artigos também, alguns dos quais eu gostaria de compartilhar (estão em inglês).

How to Be a Bodhisattva, do site Leon's Roar. Apesar de saber que não é necessário só isso para ser um Bodhisattva (uma das "posições" ou "títulos" - não sei a denominação correta - mais altas do budismo), o texto traz ideias muito interessantes sobre amar ao próximo e a si mesmo. Também sobre viver o momento presente e desfrutar o máximo dele. Excelentes ideias para começar o ano. 

Sobre Bodhisattvas e o budismo como um todo, no site do Eduardo Pinheiro, um dos escritores mais interessantes da internet brasileira, na minha opinião, há uma seção de perguntas e respostas excelente. A leitura não é recomendada segundo os conceitos budistas - porque o budismo deve ser ensinado por um mestre em um templo, e não lido como curiosidade na internet -, mas eu fiquei fascinado demais para deixar passar. São explicações de um verdadeiro budista, tentando ser o mais didático possível sobre algo totalmente deturpado quando veio do oriente para o ocidente e que deve ser ensinado somente por professores para alunos realmente comprometidos. Carma ruim, mas um conhecimento incrível. 

Na excelente revista Aeon, o artigo Drugs du jour relata a história do consumo de drogas no século XX, mostrando a relação entre os sintéticos e o momento cultural de cada década, relacionando até mesmo consumo de drogas específicas com classes econômicas, raciais e etc (como a cocaína em Wall Street nos anos 80). Comenta sobre o consumo atual de antidepressivos e estimulantes, incentivado pela indústria farmacêutica através do diagnóstico cada vez mais comum de distúrbio de atenção e depressão em jovens. 

O artigo termina com uma reflexão interessante: antigamente, as drogas eram utilizadas pontualmente, para poder se expressar ou fugir de uma realidade ruim. Atualmente, o consumo de drogas faz parte da rotina e a pessoa precisa para viver na realidade. Um excelente modelo de negócios para a indústria, convenhamos.

Então é isso. Chega por hoje. Vou tentar escrever semanalmente, nos moldes da newsletter do Warren Ellis, que eu descobri recentemente. Só que não vai ser uma newsletter, vai ser um blog mesmo. Por sinal, procurem e assinem. Ele é um quadrinista britânico que sempre recomenda bons artigos e tem reflexões interessantes. Na última edição, ele falou sobre porque está ok acertar um soco em um nazista (uma espécie de meme politizado, algo que eu gostei). 

Tchau

sábado, 21 de janeiro de 2017

século xxi

seus sentimentos foram expostos na rede social
não visualizados
sua declaração tornou-se trending topic
não correspondida
é difícil ler os sinais na internet
ser seguido, seguir, curtir, compartilhar, comentar

tem forma de voltar para como era?
abandonarmos os diversos meios de mandar diversos sinais
comunicação básica

mas se voltássemos para quando tínhamos de nos conhecer
para nos conhecer
eu provavelmente nunca teria te conhecido...

quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

saturday night lights

Já que eu ando sem ideias para escrever nesse blog e não gosto de deixá-lo desatualizado, tentarei algo diferente hoje. Vou descrever o que fiz nesse último sábado, precisamente a noite que tive.

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Saindo de Novo Hamburgo, peguei o trem para Porto Alegre junto com meu amigo Gabriel Schmokel, onde encontramos a terça parte desse grupo, Vinícius Bernardes. Combinamos de assistir um show cover de Chico Buarque em um lugar que nenhum de nós nunca tinha ido, uma casa de shows na Cidade Baixa.

O vini mora na CB, o que facilita muito qualquer programa, porque não precisamos nos incomodar com chamar táxi ou Uber ou ter que pegar trem às cinco da manhã e coisa parecida. Tivemos que esperar algum tempo na parada, esperando o ônibus chegar, perto do Mercado Público. Conversamos sobre música e sobre produção autoral. Ainda estou me acostumando com isso, mas é importante. Me manter cada vez mais dentro de uma persona, como um personagem, orgulhoso e que banca a própria obra. 

Depois de pegar o ônibus é rápido de chegar na casa do vini. Ficamos no apartamento assistindo vídeos de Neil Young e Arcade Fire e outras bandas parecidas, conversando sobre mais de um assunto ao mesmo tempo, e quando a fome parecia que ia nos matar, descemos pra jantar pastel.

Feliz descoberta esse pastel na CB, custa seis reais e vem generosamente recheado, diferente de vários pastéis por aí que não tem coisa nenhuma e custam a mesma coisa ou mais. Deu pra ficar satisfeito com o lanche. Andamos um pouco pelas ruas principais da Cidade Baixa, que é o verdadeiro centro boêmio de POA, com uma quantidade inumerável de bares e festas e casas de show e lancherias e etc. etc. com os mais diversos públicos alvo e especialidades e temáticas.

Observa-se um verdadeiro catálogo humano de tipos diversos, mas em geral pessoas bem diferentes daquele padrão classe média moderna. Não são muitos que estão de camisa social e sapatênis, com jeans apertado. Esse perfil se observa mais em baladas sertanejas, e isso eu acho que não tem por ali. O pessoal é mais freak, mais liberal, a moda é piercing, tatuagem, calça rasgada, camiseta rasgada, tênis sujo, e coisa parecida, pelo menos entre os jovens.

Eu gostaria de ver mais engomadinhos por ali, aumentaria a tensão social. Casais improváveis poderiam surgir, se alguma guria com esse estilo punk-moderno desse alguma moral pra um sertanejo-rico-não-vejo-problema-em-nada. Seria shakesperiano. No mínimo, interessante.

Depois de jantar e andar por ali, observando vários comportamentos interessantes e conversando ainda sobre música, sobre o rap atual e Kanye West, a gente foi para o show. Era dez e meia da noite, o horário marcado no Facebook como abertura da casa, mas não tinha ninguém. Pedimos para entrar, e o cara da frente falou que tudo bem, mas que ainda não tinha ninguém, que a festa começava mais tarde. Éramos novatos e ficou claro pras pessoas que estavam na rua fumando. Decidimos então ir embora.

Gostei do comportamento do segurança, afinal, ele poderia não nos avisar nada e entraríamos pra dar de cara com o nada, um lugar vazio por uma hora e meia. Situação bem incômoda.

Então demos uma volta e rumamos pro apartamento. Ficamos conversando, e em certo ponto parecia que todos tínhamos desistido de ir no show, mas o xim foi o primeiro a dizer vamos lá. Era meia noite e meia.

Quando chegamos no lugar, já tinha uma boa quantidade de gente. O show não tinha começado. No Facebook, dizia que começaria à meia noite, mas como já tinham errado na hora de abertura, parei de considerar o evento no site como fonte oficial de informações.

Chegando num lugar desconhecido, a primeira coisa que fazemos é a análise visual. Todo mundo faz isso em todo lugar que entra, isso é inevitável, mas nos desconhecidos o pente é ainda mais fino. Precisei de menos de dez segundos pra saber que a faixa etária média daquele lugar era, pelo menos, uns sete anos mais velha que a minha idade. Rubesci por um momento, mas o raciocínio seguinte foi tão rápido que não deu tempo de me sentir envergonhado de verdade.

O vini e o xim também se sentiram da mesma forma e logo comentaram.

- Eu nunca fui num lugar onde eu era o mais novo - o xim falou, alegre, e foi essa a sensação geral. Era uma alegria gerada pela novidade, por estar vivendo uma experiência inédita.

O show era barato e foi uma das coisas que deu vontade de ir até lá. Só vinte reais. Oquéi, não era uma pechincha. É um preço regular de mercado, mas comparado com ir em uma festa, é barato sim.

Entramos e desbravamos o lugar rapidamente, não era muito grande. O palco logo do lado da porta, a pista bem na frente do palco. Com um recuo de três metros do palco, tinha um bar no canto direito, onde serviam todas as bebidas. Passando pelo bar, uma escada levava a um mezanino do lado direito, na mesma altura que o palco, uma pistinha pra dançar. No fim da escada, logo em frente ficavam os banheiros.

Ficamos parados perto da porta do banheiro, bem no fim da escada. Combinamos de pegar uma cerveja, eu pagaria a primeira e o xim a segunda. O vini não queria beber. Aí veio a primeira surpresa negativa: a cerveja era cara. Doze reais a garrafa mais barata. Estratégia interessante: cobram barato a entrada, oferecem um bom show, e a bebida é cara. O lugar faz o lucro na bebida. Mas se bem que hoje em dia qualquer lugar tem preços absurdos de bebida.

Achamos uma mesinha pra colocar a cerveja e os copos, estava encostada em uma das paredes da pistinha elevada. Passou pouco tempo até o início do show.

Observamos que uma ex-professora de sociologia da escola estava lá. Ela era uma das professoras com mais afinidade em relação aos alunos, mas nessa noite não foi. Acho que ficou uma fera de ver a gente lá.

- Esse lugar não é pra idade de vocês - ela disse, e isso serviu como oi.

- Viemos pra ver o show - eu respondi, enquanto os outros dois respondiam ao mesmo tempo, cada um disse uma coisa e eu não entendi nada.

- A banda é muito boa - foi o que eu ouvi ela dizer depois.

E ficou por isso, ela só passou por nós e não falou mais nada nem nós falamos. Assistimos ao show e em meio as conversas eu fiquei viajando como sempre, observando uma centena de pessoas e como viviam. Umas gurias da nossa idade conversando, um senhor muito mais velho que a média do lugar dançando loucamente, um casal se beijando com muita intensidade, uma outra guria rejeitando mais de um cara que vinha conversar com ela. Como sempre, impressionante. 

O show teve um intervalo de meia hora onde tocaram diversos sambas. Depois do intervalo, a banda apelou para os clássicos. Interessante que, agora, eu lembro de poucas músicas. A Banda, Cotidiano, essas eu lembro, mas a maioria eu esqueci, e nem fiquei bêbado.

Foi um bom show. A banda tinha um saxofonista cabeludo que lembrava um pouco o Kenny G. Foi engraçado quando ele sumiu no meio do show, eu nem tinha notado, só quando ele passou do nosso lado, saindo do banheiro. 

A banda entrou naquelas de chamar todas as músicas de "última", parecia eu quando tenho dinheiro pra beber. Parecia que não ia acabar mais, mas depois de cinco últimas músicas, o show acabou de verdade.

Depois da apresentação, muita gente foi embora, mas não por isso a festa ficou pior. O som que o dj lançou estava excelente, deu uma levantada no astral. Tim Maia, Ed Motta, Gilberto Gil, Nação Zumbi, são alguns dos nomes que eu lembro que tocaram, especialmente porque cantamos e dançamos euforicamente. O vini conhecia todas as letras.

Perto de nós pararam duas gurias da nossa idade, e elas pareciam estar interessadas no vini ou no xim, ou quem sabe nos dois, eu não conseguia dizer. Fiquei observando por um bom tempo, mas parecia que nenhum deles tinham sequer notado. Imaginei que não estavam a fim de nada, e como eu estava fora da história, resolvi não comentar nada com nenhum. 

Elas demoraram pra ir embora, mas só decidimos ir depois disso. O lugar estava praticamente vazio. Pegamos um Uber de volta pra casa, por mais perto que fosse, porque o vini não se sente seguro andando a pé na Cidade Baixa de madrugada. Quando chegamos, demorei alguns minutos para encher o colchão de ar. Combinamos de acordar às sete da manhã. No outro dia, eu tinha que pegar o ônibus de manhã e ir pra casa do meu pai.

Conseguimos acordar no horário certo, sem muita resistência, especialmente porque o colchão de ar estava esvaziando, cada vez mais difícil de dormir.

Nos despedimos e fomos para a parada, a mesma que usamos pra chegar. O ônibus logo veio e pegamos o trem na estação Rodoviária. Na volta, eu e xim conversamos bastante, ele me contando sobre as aventuras noturnas que já teve. 

Depois que descemos do trem, ele foi para o centro pegar o ônibus e eu voltei pra casa. No caminho, sozinho, não parava de pensar que, nessa noite de sábado, eu tinha aprendido tanto...

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

expectativas musicais de 2017

Para 2017, estou de cabelo em pé esperando dois álbuns que parecem ser tão bons (ou até melhores!) do que os lançamentos do ano anterior. São de duas das minhas bandas favoritas: The xx e Gorillaz.

Toda a expectativa é gerada pelo que divulgaram até agora.

O xx lançou o clipe do primeiro single, "On Hold", e apresentou a música no SNL, numa das melhores perfomances que eu já vi no programa. Os sorrisos e as dancinhas são de uma pureza única, coisa difícil de achar por aí, sem falar que a música é muito boa.


O Gorillaz, por sua vez, vem lançando várias novidades nas redes sociais. No Instagram, publicaram pequenas histórias em formas de fotos e gifs. Uma história por integrante da banda, contando o que aconteceu com os quatro no período de inatividade. Os desenhos são incríveis como sempre, cheios de cores e colagens.

Musicalmente, ainda não divulgaram nada. Damon Albarn decidiu fazer algo diferente: cada integrante lançou uma playlist do que andou ouvindo nesse meio tempo. Dentre as quatro, a melhor saiu dia dois de janeiro, feita pela guitarrista Noodle. Meia hora de músicas produzidas por "mulheres inspiradoras", de acordo com a própria descrição na página do Soundcloud. As playlists de 2D e Russel também estão no Soundcloud.


2017 promete!